"Eu sou fã do trabalho de vocês! Podem assinar pra mim?"
Mês passado aconteceu aqui em Campos a 6ª Bienal do Livro, e em uma terça-feira escaldante, o evento contou com a presença dos quadrinhistas Gabriel Bá e Fábio Moon, os gêmeos dos 10 Pãezinhos. Eu sou fã de longa data do trabalho dos caras, e não poderia faltar à palestra.
A apresentação dos caras foi ótima! De verdade! Parecia que, aos poucos, eu ia acordando de um sono profundo a medida que eles iam falando, contando um pouco de como começaram, os percalços, a motivação, a paixão por fazer quadrinhos.
Eu sou aficcionado por quadrinhos desde que me entendo por gente. Aprendi a ler com a Turma da Mônica, Disney, X-Men, Homem-Aranha, Menino Maluquinho… Tudo que minha mãe me trazia ou que encontrava aqui em casa na coleção dos meus tios. Sempre estava a procura de mais. Também sempre gostei de desenhar, era extremamente natural pra mim. Coisa de quem era apaixonado mesmo.
E foi isso que eu vi na Bienal aquele dia: paixão. A história de vida deles, como começaram, fazendo mil e uma atividades diferentes para pagar as contas e sempre encontrando tempo, se virando, para contar as suas histórias em quadrinhos. Sem cansar, perseverando, acreditando sempre. Plantaram e agora mais de dez anos depois, estão colhendo os frutos desse esforço, vivendo de quadrinhos, de contar suas histórias e serem reconhecidos por isso.
Confesso que não consegui conversar direito com eles. Fiquei inadequado, tímido. Afinal, eram dois caras que eu realmente admirava o trabalho, ali na minha frente. Sei que foi bobagem, mas fiquei sem assunto. Levei os meus livros 10 Pãezinhos para eles autografarem, e super gente fina, assinaram todos com sorriso no rosto.
O Fábio fez uma analogia dos quadrinhistas com jogadores de futebol que achei perfeita: ambos precisam treinar todos os dias, se aperfeiçoar, pois não adianta simplesmente ter o talento e não praticar. Isso nunca levou ninguém a lugar nenhum. Se transformar de apenas um leitor (que é fácil) em um autor de quadrinhos (que não é fácil) leva muito tempo, exige muita disciplina e força de vontade para se ter algum resultado. Mas o resultado vem para aqueles que insistem. Os gêmeos são a prova viva disso.
A vida é curta e se não tentarmos, mesmo com as dificuldades, fazermos aquilo que mais gostamos, que mais precisamos fazer, ela perde a maior parte da sua graça.
Eu sempre gostei de quadrinhos.
Eu sempre gostei de contar histórias.
Seria minha paixão pelos quadrinhos, por contar histórias, tão forte quanto a deles? Eu seria capaz de vencer a arrebentação? Conseguiria vencer a preguiça, a descrença, para produzir de forma regular, e crescer a medida que vou praticando? É sentar e fazer. Sem desculpas e sem corpo mole. Dá pra chegar lá!
Obrigado Bá. Obrigado Fábio. Obrigado por terem reacendido o espírito quadrinhístico que estava adormecido em mim.
"Obrigado!"